CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM ALTERAM MODO DE ENSINAR
Beatriz
Santomauro
bsantomauro@fvc.org.br
Revista Nova Escola
Na década de 1970, uma nova transformação
conceitual mudou as práticas escolares. A linguagem deixou de ser entendida
apenas como a expressão do pensamento para ser vista também como um instrumento
de comunicação, envolvendo um interlocutor e uma mensagem que precisa ser
compreendida. Todos os gêneros passaram a ser vistos como importantes
instrumentos de transmissão de mensagens: o aluno precisaria aprender as
características de cada um deles para reproduzi-los na escrita e também para
identificá-los nos textos lidos. Ainda era essencial seguir um padrão preestabelecido, e qualquer anormalidade
seria um ruído. Para contemplar a perspectiva, o acervo de obras estudadas
acabou ampliado, já que o formato dos textos clássicos não servia de subsídio
para a escrita de cartas, por exemplo. Em pouco tempo, no entanto, as correntes acadêmicas
avançaram mais. Mikhail Bakhtin (1895-1975) apresentou uma nova concepção de
linguagem, a enunciativo-discursiva, que considera o discurso uma prática
social e uma forma de interação - tese que vigora até hoje. A relação
interpessoal, o contexto de produção dos textos, as diferentes situações de
comunicação, os gêneros, a interpretação e a intenção de quem o produz passaram
a ser peças-chave. A expressão não era mais vista como uma representação da realidade, mas o
resultado das intenções de quem a produziu e o impacto que terá no receptor. O
aluno passou a ser visto como sujeito ativo, e não um reprodutor de modelos, e
atuante - em vez de ser passivo no momento de ler e escutar.
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