ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
INCLUSÃO OU EXCLUSÃO
Alunos com necessidades especiais
devem frequentar a escola de ensino regular, como garante a lei. Dependendo da
necessidade desse aluno, uma profissional formada em Educação Especial é
contratada e faz a mediação, em sala de aula, entre esse aluno, a turma e o
professor regente.
A Secretaria Municipal de Educação
(SEMED) faz uma triagem desses alunos e, então, define qual precisará ou não de
professora de apoio. E esta professora atende mais de um aluno por semana.
Em nossa escola, existem seis alunos
com necessidades especiais. Um deles matriculou-se em junho deste ano. Tem 14
anos e idade mental de seis e não está alfabetizado. Quando os pais pediram a
vaga para ele, não nos contaram todos os problemas e por que o estavam
transferindo de escola. Apenas disseram que não estavam contentes com a escola,
porque ele não sabia ler e escrever e já estava na quinta série.
A orientadora, então, entrou em
contato com a escola de procedência que relutou em passar um relatório do aluno
em questão. Após muitas e insistentes ligações, a coordenadora falou sobre o
aluno, pediu sigilo e disse que nada daria por escrito. Após o relato,
procuramos a psicopedagoga que dava atendimento a esse aluno e o neurologista.
Ficamos sabendo que ele tem idade mental de uma criança de seis anos, que é
violento, tem a sexualidade aflorada e toma medicação controlada. Num segundo
encontro com os pais, estes relataram que haviam tirado o filho da outra
escola, porque este havia sido abusado por colegas.
A escola nos informou que esse aluno
batia em professores e os desrespeitava com palavrões e que se masturbava em
sala de aula na frente de todos, sem controle. Imediatamente, comunicamos à
SEMED, solicitando uma professora de apoio somente para ele, dada a gravidade
do problema. Informaram-nos que não havia professora de apoio na rede para
contratar, mas que procurariam. Dessa forma, esse aluno passou a frequentar
nossa escola sem esse apoio.
No início, se mostrou um menino
tranquilo, contrariando tudo o que sabíamos dele. Passou-se um mês e meio, tudo
correndo bem. Após esse tempo, ele começou a demonstrar um comportamento
diferente. Começou a fugir da sala de aula, debochar dos professores, dizer
palavrões mentir, se masturbar em sala de aula, entrar no banheiro das meninas
etc. Este comportamento foi se acentuando dia a dia até que ofendeu uma
professora no pátio, na presença de vários alunos. Foi aos gritos e com
violência. Falou muitos palavrões e tentou bater na professora, mas foi contido
por muitos alunos. Estava transtornado. A professora se desesperou, quis se
demitir e disse: “Ou ele ou eu”.
Chamamos imediatamente
os pais, o Conselho Tutelar, que não atendeu ao nosso pedido e não quis tomar
conhecimento do fato naquele momento. Solicitamos aos pais que o deixassem em
casa por uns dias até que a situação se acalmasse e que pudéssemos tomar alguns
encaminhamentos. Chamamos a SEMED que, prontamente, foi à escola para ajudar a
resolver o problema. A professora fez um boletim de ocorrência. No dia
seguinte, o Conselho Tutelar ligou “cobrando” da direção o afastamento do aluno
da escola e solicitando um relatório que acusasse a SEMED por não ter
contratado uma professora de apoio. O Conselho Tutelar queria, também, que,
nesse mesmo relatório, a escola assumisse que tinha suspendido o aluno, sob
pena de ser indiciada.
A direção respondeu que não faria relatório
algum e que, quando a escola precisou do Conselho Tutelar para resolver a
situação da melhor maneira e em conjunto, este não deu atenção e que, naquele
momento, queria usar a lei para punir. Disse, ainda, que o Conselho Tutelar
mandasse uma intimação, porque o relatório não seria feito.
Após muitas conversas com a SEMED,
com o neurologista e com os pais, ficou decidido que o aluno seria atendido por
uma professora de apoio, mudaria de turma e que, nas aulas da professora que
foi agredida, seria atendido fora de sala, porque a professora se demitiria
caso ele ficasse em sala.
Como é uma disciplina que não tem
professor para contratar, tivemos que fazer desta forma, na esperança de que,
com o tempo, a relação entre os dois melhoraria. Então conversamos com a turma
que esse aluno frequentaria, a professora de apoio foi contratada, o
neurologista mudou a medicação e ele retornou para a escola.
Hoje, esse aluno se mostra tranquilo,
faz as atividades, já lê algumas coisas, interage bem com o grupo de alunos e
sua professora de apoio, mas os demais professores o ignoram. É como se ele não
existisse em sala de aula. A partir de semana passada, passou a ficar em sala
com a professora que foi ofendida. Ela relutou em aceitá-lo, mas foi feito um
trabalho de convencimento e parece que ficou tudo bem entre eles. Agora
aguardamos o término do ano, e esperamos que a situação continue calma, apesar
da rejeição dos demais professores.
(Colaboração
Roseli de Andrade)
Bom texto!
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