quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR


ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR


INCLUSÃO OU EXCLUSÃO

             Alunos com necessidades especiais devem frequentar a escola de ensino regular, como garante a lei. Dependendo da necessidade desse aluno, uma profissional formada em Educação Especial é contratada e faz a mediação, em sala de aula, entre esse aluno, a turma e o professor regente.
           A Secretaria Municipal de Educação (SEMED) faz uma triagem desses alunos e, então, define qual precisará ou não de professora de apoio. E esta professora atende mais de um aluno por semana.
          Em nossa escola, existem seis alunos com necessidades especiais. Um deles matriculou-se em junho deste ano. Tem 14 anos e idade mental de seis e não está alfabetizado. Quando os pais pediram a vaga para ele, não nos contaram todos os problemas e por que o estavam transferindo de escola. Apenas disseram que não estavam contentes com a escola, porque ele não sabia ler e escrever e já estava na quinta série.
           A orientadora, então, entrou em contato com a escola de procedência que relutou em passar um relatório do aluno em questão. Após muitas e insistentes ligações, a coordenadora falou sobre o aluno, pediu sigilo e disse que nada daria por escrito. Após o relato, procuramos a psicopedagoga que dava atendimento a esse aluno e o neurologista. Ficamos sabendo que ele tem idade mental de uma criança de seis anos, que é violento, tem a sexualidade aflorada e toma medicação controlada. Num segundo encontro com os pais, estes relataram que haviam tirado o filho da outra escola, porque este havia sido abusado por colegas.
           A escola nos informou que esse aluno batia em professores e os desrespeitava com palavrões e que se masturbava em sala de aula na frente de todos, sem controle. Imediatamente, comunicamos à SEMED, solicitando uma professora de apoio somente para ele, dada a gravidade do problema. Informaram-nos que não havia professora de apoio na rede para contratar, mas que procurariam. Dessa forma, esse aluno passou a frequentar nossa escola sem esse apoio.
          No início, se mostrou um menino tranquilo, contrariando tudo o que sabíamos dele. Passou-se um mês e meio, tudo correndo bem. Após esse tempo, ele começou a demonstrar um comportamento diferente. Começou a fugir da sala de aula, debochar dos professores, dizer palavrões mentir, se masturbar em sala de aula, entrar no banheiro das meninas etc. Este comportamento foi se acentuando dia a dia até que ofendeu uma professora no pátio, na presença de vários alunos. Foi aos gritos e com violência. Falou muitos palavrões e tentou bater na professora, mas foi contido por muitos alunos. Estava transtornado. A professora se desesperou, quis se demitir e disse: “Ou ele ou eu”.
Chamamos imediatamente os pais, o Conselho Tutelar, que não atendeu ao nosso pedido e não quis tomar conhecimento do fato naquele momento. Solicitamos aos pais que o deixassem em casa por uns dias até que a situação se acalmasse e que pudéssemos tomar alguns encaminhamentos. Chamamos a SEMED que, prontamente, foi à escola para ajudar a resolver o problema. A professora fez um boletim de ocorrência. No dia seguinte, o Conselho Tutelar ligou “cobrando” da direção o afastamento do aluno da escola e solicitando um relatório que acusasse a SEMED por não ter contratado uma professora de apoio. O Conselho Tutelar queria, também, que, nesse mesmo relatório, a escola assumisse que tinha suspendido o aluno, sob pena de ser indiciada.
         A direção respondeu que não faria relatório algum e que, quando a escola precisou do Conselho Tutelar para resolver a situação da melhor maneira e em conjunto, este não deu atenção e que, naquele momento, queria usar a lei para punir. Disse, ainda, que o Conselho Tutelar mandasse uma intimação, porque o relatório não seria feito.
          Após muitas conversas com a SEMED, com o neurologista e com os pais, ficou decidido que o aluno seria atendido por uma professora de apoio, mudaria de turma e que, nas aulas da professora que foi agredida, seria atendido fora de sala, porque a professora se demitiria caso ele ficasse em sala.
          Como é uma disciplina que não tem professor para contratar, tivemos que fazer desta forma, na esperança de que, com o tempo, a relação entre os dois melhoraria. Então conversamos com a turma que esse aluno frequentaria, a professora de apoio foi contratada, o neurologista mudou a medicação e ele retornou para a escola.
          Hoje, esse aluno se mostra tranquilo, faz as atividades, já lê algumas coisas, interage bem com o grupo de alunos e sua professora de apoio, mas os demais professores o ignoram. É como se ele não existisse em sala de aula. A partir de semana passada, passou a ficar em sala com a professora que foi ofendida. Ela relutou em aceitá-lo, mas foi feito um trabalho de convencimento e parece que ficou tudo bem entre eles. Agora aguardamos o término do ano, e esperamos que a situação continue calma, apesar da rejeição dos demais professores.

(Colaboração Roseli de Andrade)

Um comentário:

  MESTRADO PROFISSIONAL CAPES aprova primeira proposta com parte do curso em EaD Projeto tem atividades presenciais e número adequado de alu...