Relatório
apresentado à Faculdade de Tecnologia e Ciências como requisito parcial para
avaliação da disciplina Estágio Supervisionado I do 4º período do curso de
Licenciatura em LETRAS do Circuito 09 – UP Feira de Santana - BA sob a
orientação da professora Maria Rita Barbosa.
0. 1. APRESENTAÇÃO
Este relatório tem como objetivo
expor e analisar as atividades desenvolvidas durante o Estágio Supervisionado
I. O presente relatório é composto da descrição da observação, co-participação
e das experiências vivenciadas no período de regência em sala de aula, que se
norteou nos princípios científicos e metodológicos da educação e também na
tendência sociointeracionista do processo de ensino-aprendizagem.
Trata-se aqui do relato de uma
prática de sala de aula norteada por um plano de ação totalmente voltado para a
descoberta e uso da leitura como atividade capaz de despertar interesse e
identificação e de proporcionar prazer. Assim, propomos, através do plano de
ação, despertar nos alunos o interesse pela prática constante da leitura,
oportunizando aos discentes uma mudança qualitativa da concepção da leitura que
precede o mundo, através de leituras variadas que possa envolver a questão
interdisciplinar e favorecer a aprendizagem mais significativa.
O Estágio Supervisionado I perfaz uma
carga horária total de 125 horas, mas este relatório refere-se à parte prática
desse estágio, que é composta de 64 horas, que aqui vão relatadas através dos
itens que se seguem.
2. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
O estágio supervisionado I foi
realizado na Escola de 1º Grau Antonio Costa Ferreira, localizada na Fazenda
Cordeiro, município de Coração de Maria – Bahia. Trata-se de uma instituição
mantida pela Prefeitura, que oferece Ensino Fundamental I e II (1º ao 9º ano)
nos turnos da manhã e tarde; e à noite, a modalidade de Educação de Jovens e
Adultos – EJA.
A Unidade de Ensino situa-se na zona
rural município de Coração de Maria, numa comunidade carente, onde 90% da
população é de baixa renda e vive da agricultura. A escola funciona em um espaço bastante pequeno, com uma área total de aproximadamente
200 m2. A área interna da escola possui cinco salas de aula bastante apertadas
e sem ventilação adequada, embora o clima seja muito quente na maior parte do
ano letivo. Nas paredes uma pintura
envelhecida dá um aspecto de abandono. Juntem-se a isso outros aspectos da
instalação física: a rede elétrica é muito antiga e oferece pouca iluminação
para um ambiente de estudo. Funcionando em condições muito precárias, a
estrutura interna possui cinco sanitários com instalações inadequadas, dois
estão desativados e dois são utilizados pelos alunos e o outro pelos
professores e funcionários em geral; a escola conta com a apenas um bebedouro
para todos os alunos.
Não possui refeitório e a merenda é
servida na cantina por uma pequena janela por onde é distribuída; também não
possui auditório e os eventos são realizados no pátio frontal ou na famosa sala
grande. A sala é conhecida dessa forma por ser a maior da escola. Numa das salas funciona a biblioteca. O espaço
conta com um pequeno acervo de livros literários distribuídos pelo MEC, e serve
também para guardar os livros didáticos dos alunos, os materiais de apoio dos
professores com: livros, revistas, mapas, globo entre outros.
A escola conta com uma TV por
assinatura via Embratel, possui também uma TV de 20``para auxiliar os
professores no trabalho com vídeos, um aparelho de DVD, que no momento se
encontra quebrado; possui ainda espaços específicos, onde funcionam secretária, sala da direção e dos
professores. A escola não conta com laboratório de informática nem computadores
que auxiliem os professores na elaboração das avaliações. Para a reprodução de
cópias das avaliações, contamos apenas com um antigo mimeógrafo a álcool e as
mesmas são escritas à mão, pois as duas máquinas de datilografia do
estabelecimento no momento se encontram
quebradas.
Outro ponto muito importante
observado foi a distribuição dos livros didáticos feita pelo MEC, à quantidade
é insuficiente, possibilitando apenas o trabalho com pesquisa em sala e apoio
na realização das atividades de classe. Os profissionais sentem a maior
dificuldade no planejamento de suas aulas, já que só contam com o quadro de giz
e os materiais trazidos pelos alunos, como: caderno, lápis de cor, caneta,
cartolina, papel crepom, giz de cera, entre outros.
2.1. Corpo do docente
Com um número reduzido de professores
para todas as disciplinas, alguns cursando e outros com ensino superior
completo, sendo um total de dez professores: cinco possuem nível superior
completo, dois são graduandos e três não possuem nível superior. Sendo 4 quatro
professores formados em pedagogia, 01 professor formado em Matemática, 01
professor se graduando em letras Português/Inglês, 01 professor graduando em
Pedagogia e 03 professores com formação média em Magistério.
Diante das dificuldades
enfrentadas, o quadro permanente de professores é compromissado, todos sempre
estão presentes na escola e só faltam por motivos de saúde, e sempre que isso
acontece apresenta o atestado médico à direção da escola. Os mesmos são
organizados e contundentes quanto às atividades a serem aplicadas em sala de
aula, respeitando assim o tempo de aprendizagem de cada aluno. Para que isso
ocorra, os professores buscam se atualizar fazendo cursos que possibilitem o
desenvolvimento de um trabalho pautado nas disciplinas lecionadas e que garanta
ao aluno um melhor desempenho na aquisição do conhecimento.
O
relacionamento humano dos professores com a comunidade escolar é acessível. Os
docentes participam dos eventos realizados na escola e têm com os pais de
alunos um diálogo coletivo e individualizado para atender as necessidades de
cada um.
2.2. Corpo discente
Como os alunos da instituição compõem
uma clientela de classe social baixa, que reside nas comunidades circunvizinhas
à instituição que está localizada na Zona Rural do Município de Coração de
Maria, a maioria destes necessita de transporte, o mesmo é feito por duas
bestas e um ônibus, para chegar à escola. Entre professores e alunos da
instituição percebeu-se um clima de respeito e troca de informações que reforça
a boa convivência garantindo um espaço democrático e acima de tudo acolhedor. É
claro que a indisciplina estava presente em algumas situações, mas era sempre facilmente
contornada.
3. DESCRIÇÃO DAS
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO
3.1. O planejamento
O planejamento das atividades do
Estágio Supervisionado I é baseado no Plano de ação ( ver anexo 1) como um
conjunto de atitudes, que irão nortear a prática pedagógica. Neste documento
estão presentes informações que se referem aos aspectos didáticos e
metodológicos que serão aplicadas nas disciplinas de Língua Portuguesa e Língua
Inglesa.
Uma etapa fundamental para o
planejamento foi a observação. É uma etapa essencial para o Estágio
Supervisionado, pois, a depender da maneira como o estagiário vai realizar sua
prática, nessa fase estará de alguma forma construindo as condições básicas que
facilitarão o maior ou menor sucesso nesta empreitada; no entanto, observar
exigirá do observador alguns cuidados para que a observação seja de fato
fecunda. De acordo com Lüdke e André (1985, p.25), “Planejar a observação
significa determinar com antecedência o quê e o como observar”. Nesse sentido,
o apoio, o acompanhamento, a orientação e o assessoramento da Supervisão
Educacional são fundamentais para que o
professor realize, de maneira satisfatória, tanto o planejamento quanto o
desenvolvimento das aulas.
No decorrer da etapa de observação
foi analisada a relação entre professor e aluno e a maneira como a docente de
Língua Portuguesa e de Língua Inglesa desenvolve
as suas atividades dentro da sala de aula. E esta observação foi o ponto de
partida para um diagnóstico bastante criterioso do campo de Estágio e também
serviu de base para elaboração das ações das etapas posteriores:
co-participação, onde será apresentado o plano de ação para a docente analisar
e perceber se as ações propostas estão de acordo com a sua prática, a fim de
possibilitar a continuidade do seu trabalho pedagógico e permitir o
aprimoramento da aprendizagem significativa dos discentes.
O Planejamento da escola é feito
bimestralmente e indica as metas e as ações a serem desenvolvida durante a
unidade, de forma sistemática, dando ênfase aos conteúdos e objetivos propostos
e metodologias para a execução de cada disciplina, que constam no Plano de
Curso. Outro ponto importante observado na instituição é o trabalho com
projetos que fazem parte do planejamento anual e que leva a perceber a
tendência da instituição de ensino pela pedagogia de projetos, que é um fator
importantíssimo do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem do
educando. Segundo Hernández,
os projetos de trabalho constituem um planejamento de
ensino e aprendizagem vinculado a uma concepção da escolaridade em que se dá importância
não só a aquisição de estratégias cognitivas de ordem superior, mas também ao
papel do estudante como responsável por sua própria aprendizagem. Significa
enfrentar o planejamento e a solução de problemas reais e oferecer a
possibilidade de investiga um tema partindo de um enfoque relacional que
vincula idéias-chaves e metodológicas de diferentes disciplinas (1998, P. 88-9).
Os projetos desenvolvidos na unidade
de ensino estão registrados no Plano de Ação. A execução é comprovada através
de relatórios realizados pelos docentes. Em conversa com alguns docentes ficou
clara a dicotomia entre a ferramenta do Plano de Curso e a aplicação de
projetos alheios às disciplinas afins e sua aplicação questionável. O trabalho
realizado de forma interdisciplinar enfrenta resistência por parte de alguns
professores, por alegarem a falta de recursos para trabalhar em conjunto com as
outras áreas do conhecimento e as habilidades necessárias que os alunos não
possuem para construir o conhecimento de forma integrada.
Durante o planejamento trabalhou-se
somente os conteúdos específicos a cada área, mas sem nenhuma menção aos
recursos a serem utilizados e como seriam utilizados, como também, as
referências bibliográficas consultadas que embasaram a construção da proposta
de ensino a ser aplicada em sala de aula. Nesse contexto, o planejamento, que é
uma etapa importantíssima do processo de ensino e aprendizagem ocorre, mas
acaba sendo negligenciada pela falta de apoio material. Na visão de Vasconcellos:
O questionamento que deve acompanhar o professor na
elaboração da proposta metodológica é o seguinte: o que é preciso fazer para
que estes alunos aprendam efetivamente este conteúdo? Com esta ação que estou
tendo, que ação estou proporcionando ao aluno (tipo/grau de atividades e de
significados)? (2006, p. 147)
Nesse sentido, o apoio, o
acompanhamento, a orientação e o assessoramento da coordenação pedagógica são
fundamentais para que o professor realize, de maneira satisfatória, tanto o
planejamento quanto o desenvolvimento das suas aulas. Dentre esses fatores
destacados o planejamento na escola campo de estágio é realizado por áreas
afins, por exemplo: Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Artes. O que acaba
dificultado a troca de informações ente os outros docentes. A escola não conta
com recursos materiais necessários para auxiliar o professor no seu
planejamento diário.
Existem apenas alguns recursos
visuais. A falta de material acaba atrapalha o trabalho da coordenação que em
vários momentos do planejamento lamentava a falta de material didático, o que
impossibilitava os professores no desenvolvimento de atividades motivadoras e
atraentes para serem aplicadas em sala, mas mesmo assim os professores e a
coordenação buscavam alternativas viáveis que suprissem a necessidade de uma
prática docente consciente e que atendesse e desenvolvesse as habilidades
básicas dos alunos.
3.2. Período da observação
Durante essa etapa, observou que as
professoras-regentes de Língua Portuguesa e Língua Inglesa não têm muito recursos
para desenvolver seu trabalho como já mencionado anteriormente. O mesmo é
desempenhado de forma tradicional, sem auxilio do livro didático devido a pouca
quantidade disponível, principalmente de Língua Portuguesa, em Língua Inglesa
por não ter livros suficientes distribuídos pelo MEC, a professora adota uma coleção
titulada de “English
For Teens” de Denise Santos e Amadeu Marques, para nortear o seu trabalho no
desenvolvimento das atividades de sala com os alunos.
Mesmo sem os recursos necessários, percebe-se
que as professoras davam prosseguimento à aula, criando situações problemas
através de gravuras, textos variados, depoimentos e outros materiais para que
os alunos pudessem desenvolver as suas competências e habilidades. Durante a
execução das tarefas, os alunos estavam sempre sentados exercitando com maior
tranquilidade as atividades propostas pela
educadora.
O desempenho da classe tanto na
disciplina de Língua Inglesa como na disciplina de Língua Portuguesa, era
desenvolvido visando à aquisição de habilidades que favorecessem os
conhecimentos prévios dos alunos. Por exemplo, nas produções de textos nas
aulas de Língua Portuguesa a produção de textos criativos era motivada pelo
professor com a leitura de um texto previamente escolhido pelos alunos, que
posteriormente nortearia a escrita de novos textos de cada um deles. Em Língua
Inglesa os diálogos propostos pela professora também previamente escolhidos
pelos alunos, davam suporte à construção de novos diálogos vivenciando
situações reais de sala de aula. Uma prática motivadora e instigadora que
possibilitou uma gama maior de idéias para serem aplicadas na regência.
3.3. Período da co-participação
A co-participação foi um momento
importante na instituição, onde foi possível apresentar o plano de ação a
seqüência didática e os planos de aula de Língua Portuguesa e de Língua
Inglesa, para a docente analisar e perceber se as ações propostas estão de
acordo com a sua prática a fim de possibilitar a continuidade do seu trabalho
pedagógico e permitir o aprimoramento da aprendizagem significativa dos
discentes. No que diz respeito à co-participação foi dada a oportunidade de
intervir constantemente nas atividades propostas pela professora supervisora,
com o intuito de garantir a aprendizagem dos discentes.
Ainda nessa prática desenvolveu-se
ativamente do acompanhamento complementar (AC), esse acompanhamento consiste em
discutirem a respeito dos problemas relacionados à aprendizagem ocorridos
durante a semana e ao mesmo tempo a elaboração do planejamento da semana
seguinte, foi dirigido para uma ação pedagógica critica e transformadora para
que possa permitir ao educador maior segurança para lidar com a relação
educativa na sala e na escola. Segundo Saviani (1984,
p. 9): “A escola existe para propiciar aquisição dos instrumentos que
possibilitam o acesso ao saber elaborado (ciências), bem como o próprio acesso
aos rendimentos desse saber”. É ao abordar essa questão que se consegue
visualizar a importância da escola na produção de conhecimento do educando
Sendo assim, no planejamento passa-se
a ideia de um processo onde são definidos os objetivos, os conteúdos
programáticos, os procedimentos, os recursos, a sistemática de avaliação da
aprendizagem a serem utilizadas no decorrer da semana. De acordo com esse
planejamento fica comprovado que os alunos não tinham dificuldades ao
adequar-se às atividades propostas, pois a professora oferecia atividades
desafiadoras, porque compreende que a formação escolar deve propiciar o
desenvolvimento de capacidades, de modo a favorecer a compreensão e a
intervenção nos fenômenos sociais e culturais, assim como possibilita aos
alunos usufruir das manifestações culturais nacionais e universais.
3.4. Regência
Todas as etapas do Estágio
Supervisionado I foram importantes e enriquecedoras, o que contribuiu para uma
nova percepção do exercício da docência por parte deste discente,
oportunizando, inclusive, uma reflexão coletiva sobre o processo de
aprendizagem. Através dele a articulação entre teoria e prática revelou-se uma
habilidade que deve ser buscada e cultivada com disciplina e aplicação.
O desafio aqui é desenvolver as
habilidades necessárias as duas áreas a serem trabalhadas Língua Portuguesa e
Língua Inglesa. Um desafio constante na busca do conhecimento para está
atualizado e preparado para responder os questionamentos dos alunos e, manter
um discurso coerente perante os discentes e conseguir mostrar para cada um
deles que eles são os personagens principais e responsáveis pela aquisição do
seu conhecimento e, que o professor é um mediador que oferece as ferramentas
necessárias para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma
satisfatória para as partes envolvidas no processo.
Outro grande desafio da regência foi
fazer com que esses alunos retomassem o gosto pela leitura, já que estamos
vivendo em uma sociedade em que os valores éticos e a instituição família já
não conseguem estabelecer um nexo e uma relação mais próxima da escola. Com
isso acaba se tornado uma prática isolada e de responsabilidade da escola.
Nesse momento o
professor deixa
ser apenas o agente mediador do conhecimento e passa a exercer a função de
membro familiar no que tange a educação doméstica.
É claro que isso não deve se tornar
uma prática comum, mas com o esforço coletivo de todos os agentes que trabalham
na escola essa realidade pode ser facilmente transformada através de projetos
que integrem os pais no processo de ensino e aprendizagem dos seus filhos. E
foi isso que a escola campo de estágio foi buscar. Dentro desse contexto já
retratado posteriormente procurou-se buscar um amplo campo de pesquisa e de
investigação para derrubar essas barreiras e viabilizar um contato maior entre
a escola e a comunidade. Isso se deu a partir da elaboração de projetos que
visavam não só a aprendizagem do aluno, mais de todos que direta ou
indiretamente estavam inseridos nesse processo.
Nas aulas de Língua Portuguesa e
Língua Inglesa não houve nenhuma resistência por parte dos alunos, as
dificuldades detectadas e apresentadas por eles, os relatos dos trabalhos e a
metodologia aplicada em sala não foi questionada. A produção de conhecimento se
deu a partir da construção coletiva e da colaboração dos professores regentes
das duas áreas de conhecimentos envolvidas. As professoras sempre atenciosas se
dispuseram ajudar a todo o momento. Não só elas, mais todos os outros docentes
sempre tinham algo positivo e a acrescentar, e isso acabou gerando uma corrente
de amizade e trocas de informações necessárias a prática do estágio.
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Para que uma aprendizagem possa
acontecer, é necessária a disponibilidade para o envolvimento do aluno na
aprendizagem, o empenho em estabelecer relações entre o que já sabe e o que
está aprendendo, em usar instrumentos adequados que conhece e dispõe para
alcançar a maior compreensão possível, pois, a aprendizagem exige uma ousadia
para se colocar problemas, buscar soluções e experimentar novos caminhos, de
maneira totalmente diferente da aprendizagem mecânica, na qual o aluno limita
seu esforço apenas em memorizar ou estabelecer relações diretas e superficiais.
A aprendizagem significativa depende
de uma motivação intrínseca, isto é, o aluno precisa tomar para si a
necessidade e a vontade de aprender. Para tanto a disposição para aprendizagem
não depende exclusivamente do aluno, demanda que a prática didática garanta
condições para que essa atitude favorável se manifeste e prevaleça.
No entanto, o que o aluno pode
aprender em determinado momento da escolaridade depende das possibilidades
delineadas pelas formas de pensamento, de que dispõe naquela fase de
desenvolvimento dos conhecimentos, que já construiu anteriormente e do ensino
que recebeu. Isto é a intervenção pedagógica, deve ajustar ao que os alunos
conseguem realizar em cada momento de sua aprendizagem, para se construir
verdadeira ajuda educativa do conhecimento o qual é resultado de uma rede
complexa do processo de modificação, reorganização e construção, utilizado
pelos alunos para assimilar e interpretar os conteúdos escolares.
Por mais que o
professor, os companheiros de classe e os materiais didáticos possam, e devam
contribuir para que a aprendizagem se realize nada pode substituir a atuação do
próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os conceitos da aprendizagem.
É ele quem modifica, enriquece e, portanto constroem novos e mais potentes
instrumentos de ação e interpretação.
Mas, o
desencadeamento da atividade mental construtivista não é suficiente para que a
educação escolar alcance os objetivos a que se propõe; que as aprendizagens
estejam compatíveis com o que significam socialmente. O processo de atribuição
de sentido aos conteúdos, escolares é, portanto individual; porém, é também
cultural na medida em que os significados construídos remetem as formas e
saberes socialmente estruturado.
Para (Moacir
Gadotti, 2001 apud Silva, 2002), Conceber o processo de aprendizagem como
propriedade do sujeito não implica desvalorizar o papel determinante da
interação com o meio social e, particularmente, com a escola. Ao contrário
situações escolares de ensino e aprendizagem são situações comunicativas, nas
quais os alunos e professores atuam como co-responsáveis ambos com uma
influência decisiva para o êxito do processo.
A aprendizagem
significativa, todavia, implica sempre alguma ousadia: diante do problema
posto, o aluno precisa elaborar hipóteses e experimentá-las. Fatores e
processos afetivos, motivacionais e relacionais são importantes nesse momento.
Os conhecimentos gerados na história pessoal e educativa tem um papel
determinante na expectativa que o aluno tem da escola, do professor e de si
mesmo, nas suas motivações e interesses, em seu auto conceito e em sua
auto-estima.
Assim como os
significados construídos pelo aluno estão destinados a ser substituído por
autores no transcurso das atividades, as representações que o aluno tem de si e
de seu processo de aprendizagem também é fundamental, para que a intervenção
educativa escolar propicie um desenvolvimento, em direção à disponibilidade
exigida pela aprendizagem significativa.
Diante dessa
contextualização, a aprendizagem significativa é o processo por meio do qual um
novo conhecimento relaciona-se com os conhecimentos anteriormente adquiridos,
ou seja, os conhecimentos prévios. Enfim, com a aprendizagem significativa o
aluno passa a estabelecer relações com o que é capaz de saber, com o que já
sabe, com os esquemas de conhecimento que já possui. A nova informação se
incorpora a sua estrutura mental e passa a fazer parte da memória compreensiva.
O aluno memoriza o conhecimento porque o compreendeu, isto é, aprendeu
significativamente. Quanto mais relações o aluno estabelecer entre o novo, mais
significativa será a aprendizagem.
4.1. Aspectos
Didáticos Pedagógicos
Essa entidade propõe promover o ensino
de qualidade que a sociedade demanda, ou seja, uma prática educativa capaz de
se adequar ás necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da
realidade brasileira, considerando os interesses e as motivações dos alunos,
garantindo as aprendizagens, essenciais para a formação de cidadãos autônomos
críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e
responsabilidade na sociedade em que vivem.
Além disso, nesta escola desenvolvem-se
projetos voltados para a realidade dos alunos e abordando temas e atividades
lúdicas com: danças artísticas para despertar no aluno o prazer pela construção
do conhecimento, preparando - os para se tornarem cidadãos plenos e emancipados
em todos os campos de sua vida. De acordo com Jacques Delors (2000, p.11), “a
educação se fundamentar nos quatro pilares da educação para o século XXI:
aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver”.
Com essa perspectiva a escola busca
construir passo a passo à cidadania do aluno preparando para o exercício futuro
dos seus direitos e deveres de maneira democrática respeitando as suas
diferenças, raças, religião, cor e sexo. Todavia, a coordenadora pedagógica
desenvolve seu trabalho de forma democrática. A atitude democrática é necessária,
pois a entidade deve estar apta a repensar no todo, ao programar a sua
estrutura organizacional, só assim ela será democrática.
É neste sentido, que a coordenação
pedagógica acompanha o desenvolvimento do trabalho pedagógico do professor
sanando suas dificuldades, no que diz respeito ao resultado efetivo da
aprendizagem. Isso acontece através do acompanhamento complementar (AC) e dos
roteiros diários das atividades, além de propor excelentes métodos aos
docentes, tornando a relação entre a coordenação pedagógica e os docentes
harmoniosa e democrática.
Uma das condições das novas
concepções de educação reside principalmente no estímulo ao trabalho coletivo.
A própria LDB (Lei de Diretrizes e Bases) estabelece algumas diretrizes
importantes a esse respeito. Recomenda, por exemplo, em seu art. 67, inciso V
ao tratar do profissional da educação, que haja período reservado a estudos,
planejamento, avaliação, incluindo carga de trabalho.
Assim, a prática pedagógica demonstra
uma aproximação com a tendência construtivista, já que nesse processo
pedagógico o professor deixa de ser considerado o detentor do saber e passa a
ser um agente facilitador da aprendizagem. Paulo Freire afirma (1996): ”educar
é um ato político, pois se assume um compromisso com o outro, para que este
possa ser sujeito da sua historia e do seu processo de aprendizagem”. Entretanto,
a prática pedagógica do professor cristaliza uma tendência de acordo com cada
época, estas vão sendo transformadas devido às exigências sociais percorrendo
assim, um longo caminho na educação, partindo de saberes variados os quais
foram produzidos pela humanidade, pois nesse sentido faz-se necessário que o
professor esteja sempre repensando sua pratica pedagógica procurando refletir
sobre a importância do seu papel na sociedade a fim de estar cada vez mais em
busca de atividades que proporcione a satisfação dos educando na obtenção de
nova aprendizagem.
4.2. Projeto Político
Pedagógico
O projeto político – pedagógico da
escola atende as suas necessidades, pois foi elaborado com todas as pessoas que
fazem parte direta e indiretamente do núcleo escolar e da comunidade que se
presta a cumprir a exigência burocrática.
Segundo Veiga (1995, p.14):
O projeto político pedagógico busca um rumo uma
direção. Por isso todo projeto pedagógico da escola é, também um projeto
político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico e os
interesses reais e coletivos da população majoritária. [...]
Portanto, o projeto político
pedagógico é importante para a escola e sua gestão porque dar a identidade da
instituição e possibilita implementar ações, metas e estratégias no qual a
integração entre a escola, a comunidade e os agentes educativos entre si é a
base fundamental para sua sustentação, pois permite que os sujeitos envolvidos
assumam um compromisso sócio-político com os interesses reais e coletivos da
população local. Contudo, os educadores desta unidade escolar, sabem que é
através dessa pratica que novos cidadãos podem surgir, na tentativa de construção
de uma sociedade mais justa, democrática, solidária e participativa.
Com isso
Vasconcellos nos mostra:
Que é anseio de muitos profissionais que o ambiente
escolar seja um espaço utilizado para o crescimento integral do individuo.
[...] nosso desejo é que a escola cumpra um papel social de humanização
emancipação, onde o aluno possa desabrochar crescer como pessoas e como
cidadão, e onde o professor tenha um trabalho menor alienado e alienante, que
possa repensar sua pratica refletir sobre ela, dar-lhe um novo significado e
buscar novas alternativas [...] (1995, p.8)
Sendo assim os educadores devem estar
em constantes reflexões das suas atitudes, buscando renovar sua prática
pedagógica, a fim de ajudar os educando a enfrentar os obstáculos existentes na
sociedade. Transformar a educação com o objetivo de proporcionar aos indivíduos
melhor aproveitamento da sua escolarização é o desejo de muitos educadores, os
quais estão a cada dia em busca de novos conhecimentos que favoreçam seus
alunos na conquista de novos saberes.
Segundo Zabala:
Para que o aluno construa sua aprendizagem pessoal
deve haver a contribuição de uma outra pessoa, porem esta construção precisa
ser de interesse e disponibilidade do educando, partindo de seus conhecimentos
prévios e sua experiência para conceder um significado ao seu estudo (2001,
p.27).
É necessário que os educadores ajudem
os alunos a confiar em suas capacidades para que não desistam diante dos
obstáculos, pois os mesmos devem estar cientes de que aprender não é fácil e
nesse processo existem diversos desafios que precisam ser superados. Com isso
ao educador cabe iniciar um trabalho um pouco além do que o aluno já
compreende, sendo uma provocação que desperte seu interesse, a qual na
resolução os alunos sintam o prazer de ter superado a dificuldade e conquistado
novos conhecimentos.
Entretanto, durante o período de
observação, co-participação e o Estágio Supervisionado I, pode se observar a
preocupação da maioria dos educadores, no que diz respeito à formação integral
dos alunos, principalmente no que se refere aos valores fundamentais à
construção da vida em sociedade. Portanto, durante as etapas de observação e
co-participação, percebemos que o Projeto Político Pedagógico serve para
planejar e realizar reestruturações curriculares, a fim de esclarecer para onde
a educação deve conduzir, contribuindo com a formação do sujeito, com a
finalidade de interferir nos desafios inseridos na sociedade contemporânea.
5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
A experiência do Estágio
Supervisionado I possibilitou-me a comprovação de que o Estágio é um momento
único da formação docente, seja ela inicial ou continuada, pois estamos sempre
adquirindo novos saberes e nesse momento descobrimos. Que de acordo com Pedro
Demo (1995, p.34): “Para que ocorra uma aprendizagem significativa e um
ambiente favorável de aprendizagem, será necessário que o docente seja um
agente pesquisador”.
Dentro desse processo de pesquisa está o
momento de aplicação das atividades das, que precisam ser motivadoras, prazerosas que os alunos ao
executar algumas situações, os alunos se sintam estimulados. Nesta perspectiva
a professora regente relatou-me que no inicio do ano letivo os alunos chegavam
frequentemente atrasados. Afirma a professora que devido à ministrações das
suas aulas prazerosas, os discentes passaram a chegar mais cedo para saber qual
seria a novidade do dia. Portanto, a professora afirma que cumpriu o seu
objetivo -favorecer uma aprendizagem significativa, para que todos pudessem
aprender a trabalhar em grupo.
Entretanto aprender é uma tarefa
árdua, na qual se convive o tempo inteiro com o que ainda não é conhecido. Para
o sucesso da empreitada, é fundamental que exista uma relação de confiança e
respeito mútuo entre professor e aluno, de maneira que a situação escolar possa
dar conta de todas as questões de ordem afetivas. Mas, isso não fica garantido
apenas exclusivamente pelas ações do docente, embora sejam fundamentais, dada a
autoridade que ele representa, mas também deve ser conseguido nas relações
entre alunos.
Portanto, o trabalho educacional
requer intervenções para que os alunos aprendam a respeitar as diferenças, a
estabelecer vínculos de confiança e construir uma prática cooperativa e
solidária, que contribuirá com a formação de um sujeito capaz de construir e
modificar a sua própria história.
Sendo assim,
Paulo Freire afirma:
“A escola deve atender as necessidades básicas do
aluno, levando em consideração seu conhecimento prévio sobre a realidade, seu
processo de socialização. Portanto faz-se necessário uma abordagem
construtivista e sociointeracionista, onde “ninguém se educa sozinho o homem e
a mulher se educam pela intermediação do mundo” (1996, p.13).
Com isso as ações serão desenvolvidas
de modo que o aluno seja visto como o centro do processo ensino-aprendizagem, e
o educador seja um facilitador e mediador do conhecimento, a fim de formar
sujeitos críticos e autônomos capazes de interpretar e compreender os fatos que
emergem a sociedade sendo estes de cunho social, político ou cultural.
6. CONCLUSÃO E
RECOMENDAÇÕES
Ao término do Estágio Supervisionado
I, observa-se que foi uma experiência grandiosa para formação docente, pois se
pode ter a clareza da importância de uma aprendizagem significativa no âmbito educacional,
entretanto nesta unidade escolar de caráter público apesar de conhecermos a
realidade do ensino público no Brasil, está instituição concebe a educação como
algo que educa para o exercício pleno da cidadania, pois acredita que só a
educação será capaz de transformar a sociedade.
É neste sentido, que a equipe que
forma o núcleo da unidade escolar, tem a convicção de que a aprendizagem
significativa para acontecer é necessária à disponibilidade no envolvimento do
aluno na atividade proposta, e o empenho em estabelecer relações entre o que já
sabe e que está aprendendo, e usar instrumentos adequados que conhece e dispõe
para alcançar a maior compreensão possível.
Neste processo, o professor deixa de
ser investido daquele papel de ser o detentor do saber que estaria em sala de
aula para repassar seus saberes e assim, obrigatoriamente precisa estar atento
a esta nova configuração, ao mesmo em que necessita refletir sobre o seu papel,
afim de não correr o risco de manter uma postura de educador de outros tempos
que não responde mais a esta sociedade.
O educador, como um agente
transformador da sociedade e como fortemente um formador de opinião, precisa
estar atento às mudanças, transformações, adaptações e acompanhamento mesmo
desta nova configuração social e de outras que certamente virão no processo de
desenvolvimento social. Sendo assim Libâneo (2000, p.28) afirma: “se queremos
um aluno critico-reflexivo é preciso um professor critico-reflexivo.”
O professor reflexivo, é capaz de
questionar esta mesma sociedade, é capaz de identificar elementos ideológicos
que estão por trás de determinados “avanços” é capaz de fazer uma auto reflexão
sobre sua prática que, por sua vez, está diretamente conectada com as mudanças
na sociedade; um professor reflexivo não atenta mudar suas ações para se
mostrar atual, mas a partir de uma compreensão sobre as necessidades de operar
mudanças transforma suas ações com intencionalidade; pois a reflexividade
consiste exatamente em tomar consciência da ação de tornar inteligível a ação,
pensar sobre o que faz.
A aprendizagem não depende
exclusivamente do aluno, o ato de conhecer demanda que a pratica didática
garanta condições para que essa atitude favorável se manifeste e prevaleça.
Primeiramente a expectativa que o educador tem do tipo de aprendizagem de seus
alunos fica definida no contexto didático estabelecido. Se o educador espera
uma atitude curiosa e investigativa deve propor prioritariamente atividades que
exijam essa postura, e não a passividade. Deve-se valorizar o processo e não
apenas a rapidez na realização. Deve propor estratégias criativas e originais e
não a mesma resposta de todos.
A atuação docente no espaço escolar,
precisa então, garantir que o aluno conheça o objetivo da atividade situe-se em
relação à tarefa, reconheça os problemas que a situação apresenta, e seja capaz
de resolvê-los. Neste sentido, o Estágio Supervisionado I, é uma etapa
importante para formação do futuro docente, pois pode-se perceber que para ser
um bom educador não basta apenas dominar o conteúdo, não basta gostar da sua
disciplina, não basta ter feito um curso de graduação, estar numa boa
instituição, ter um diploma.
É fundamental que o docente possua
as habilidades necessárias para ajudar os seus alunos a compreender e aprender
a resolver problemas com autonomia, sendo capazes de inferir no nos processos
decorrentes da sua vida. Diante dessa contextualização é recomendável que o
educador continue sempre propondo situações didáticas com objetivos e
determinações claras, para que os alunos possam tomar decisões pensadas sobre o
encaminhamento de seu trabalho, além de selecionar e aplicar de forma eficaz os
conteúdos.
É através desta postura os docentes
compreendem que as atividades propostas precisam garantir organização e ajuste
as reais possibilidades dos alunos, de forma que cada uma não seja nem muito
facial nem muito demasiado. Os alunos devem poder realizá-la numa situação
desafiadora. Enfim, essa unidade escolar não trata a educação como um descaso e
sim como uma solução para as situações que demanda a sociedade, pois sabem que
só a educação é capaz de transformar os sujeitos em seres critico e reflexivos
capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em
que vive.
0.7. REFERÊNCIAS
DELORS; Jacques (Org). Educação: um tesouro a descobrir. 4. ed. São Paulo; Cortez; 2000. p.11.
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler.São
Paulo.Cortez, 1996. p.13.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo. Cortez.
2000.p.17-36.
LUDKE Menga; André, Marli. Pesquisa em educação: abordagens
qualitativas: São Paulo:
EPU, 1985. p.25.
PIMENTA, Selma Garrido. O estagio
na formação de professores: unidade, teórico e prática? São Paulo, 1994.
PIMENTA, Selma Garrido. LIMA,
Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. São Paulo, 2004.
MÓDULO. Estágio Supervisionado I, 1ª edição, 2007.p. 23-49.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos.
Planejamento: projeto de ensino-aprendizagem e projeto-político pedagógico. São
Paulo, 2006.
VEIGA, Ilma. Passos Alencastro. Projeto Político Pedagógico da Escola: uma
construção possível. São Paulo:
Papiros, 1995.p.14.
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