sábado, 13 de julho de 2013

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I

Relatório apresentado à Faculdade de Tecnologia e Ciências como requisito parcial para avaliação da disciplina Estágio Supervisionado I do 4º período do curso de Licenciatura em LETRAS do Circuito 09 – UP Feira de Santana - BA sob a orientação da professora Maria Rita Barbosa.


0. 1.  APRESENTAÇÃO


           Este relatório tem como objetivo expor e analisar as atividades desenvolvidas durante o Estágio Supervisionado I. O presente relatório é composto da descrição da observação, co-participação e das experiências vivenciadas no período de regência em sala de aula, que se norteou nos princípios científicos e metodológicos da educação e também na tendência sociointeracionista do processo de ensino-aprendizagem.

          Trata-se aqui do relato de uma prática de sala de aula norteada por um plano de ação totalmente voltado para a descoberta e uso da leitura como atividade capaz de despertar interesse e identificação e de proporcionar prazer. Assim, propomos, através do plano de ação, despertar nos alunos o interesse pela prática constante da leitura, oportunizando aos discentes uma mudança qualitativa da concepção da leitura que precede o mundo, através de leituras variadas que possa envolver a questão interdisciplinar e favorecer a aprendizagem mais significativa.

          O Estágio Supervisionado I perfaz uma carga horária total de 125 horas, mas este relatório refere-se à parte prática desse estágio, que é composta de 64 horas, que aqui vão relatadas através dos itens que se seguem.

2. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

          O estágio supervisionado I foi realizado na Escola de 1º Grau Antonio Costa Ferreira, localizada na Fazenda Cordeiro, município de Coração de Maria – Bahia. Trata-se de uma instituição mantida pela Prefeitura, que oferece Ensino Fundamental I e II (1º ao 9º ano) nos turnos da manhã e tarde; e à noite, a modalidade de Educação de Jovens e Adultos – EJA.

          A Unidade de Ensino situa-se na zona rural município de Coração de Maria, numa comunidade carente, onde 90% da população é de baixa renda e vive da agricultura. A escola funciona  em um espaço bastante  pequeno, com uma área total de aproximadamente 200 m2. A área interna da escola possui cinco salas de aula bastante apertadas e sem ventilação adequada, embora o clima seja muito quente na maior parte do ano letivo. Nas  paredes uma pintura envelhecida dá um aspecto de abandono. Juntem-se a isso outros aspectos da instalação física: a rede elétrica é muito antiga e oferece pouca iluminação para um ambiente de estudo. Funcionando em condições muito precárias, a estrutura interna possui cinco sanitários com instalações inadequadas, dois estão desativados e dois são utilizados pelos alunos e o outro pelos professores e funcionários em geral; a escola conta com a apenas um bebedouro para todos os alunos.

          Não possui refeitório e a merenda é servida na cantina por uma pequena janela por onde é distribuída; também não possui auditório e os eventos são realizados no pátio frontal ou na famosa sala grande. A sala é conhecida dessa forma por ser a maior da escola.  Numa das salas funciona a biblioteca. O espaço conta com um pequeno acervo de livros literários distribuídos pelo MEC, e serve também para guardar os livros didáticos dos alunos, os materiais de apoio dos professores com: livros, revistas, mapas, globo entre outros.

          A escola conta com uma TV por assinatura via Embratel, possui também uma TV de 20``para auxiliar os professores no trabalho com vídeos, um aparelho de DVD, que no momento se encontra quebrado; possui ainda espaços específicos, onde funcionam secretária, sala da direção e dos professores. A escola não conta com laboratório de informática nem computadores que auxiliem os professores na elaboração das avaliações. Para a reprodução de cópias das avaliações, contamos apenas com um antigo mimeógrafo a álcool e as mesmas são escritas à mão, pois as duas máquinas de datilografia do estabelecimento  no momento se encontram quebradas.

          Outro ponto muito importante observado foi a distribuição dos livros didáticos feita pelo MEC, à quantidade é insuficiente, possibilitando apenas o trabalho com pesquisa em sala e apoio na realização das atividades de classe. Os profissionais sentem a maior dificuldade no planejamento de suas aulas, já que só contam com o quadro de giz e os materiais trazidos pelos alunos, como: caderno, lápis de cor, caneta, cartolina, papel crepom, giz de cera, entre outros.

2.1. Corpo do docente

          Com um número reduzido de professores para todas as disciplinas, alguns cursando e outros com ensino superior completo, sendo um total de dez professores: cinco possuem nível superior completo, dois são graduandos e três não possuem nível superior. Sendo 4 quatro professores formados em pedagogia, 01 professor formado em Matemática, 01 professor se graduando em letras Português/Inglês, 01 professor graduando em Pedagogia e 03 professores com formação média em Magistério.

          Diante das dificuldades enfrentadas, o quadro permanente de professores é compromissado, todos sempre estão presentes na escola e só faltam por motivos de saúde, e sempre que isso acontece apresenta o atestado médico à direção da escola. Os mesmos são organizados e contundentes quanto às atividades a serem aplicadas em sala de aula, respeitando assim o tempo de aprendizagem de cada aluno. Para que isso ocorra, os professores buscam se atualizar fazendo cursos que possibilitem o desenvolvimento de um trabalho pautado nas disciplinas lecionadas e que garanta ao aluno um melhor desempenho na aquisição do conhecimento.

          O relacionamento humano dos professores com a comunidade escolar é acessível. Os docentes participam dos eventos realizados na escola e têm com os pais de alunos um diálogo coletivo e individualizado para atender as necessidades de cada um.

2.2. Corpo discente

          Como os alunos da instituição compõem uma clientela de classe social baixa, que reside nas comunidades circunvizinhas à instituição que está localizada na Zona Rural do Município de Coração de Maria, a maioria destes necessita de transporte, o mesmo é feito por duas bestas e um ônibus, para chegar à escola. Entre professores e alunos da instituição percebeu-se um clima de respeito e troca de informações que reforça a boa convivência garantindo um espaço democrático e acima de tudo acolhedor. É claro que a indisciplina estava presente em algumas situações, mas era sempre facilmente contornada.

3. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO

3.1. O planejamento

          O planejamento das atividades do Estágio Supervisionado I é baseado no Plano de ação ( ver anexo 1) como um conjunto de atitudes, que irão nortear a prática pedagógica. Neste documento estão presentes informações que se referem aos aspectos didáticos e metodológicos que serão aplicadas nas disciplinas de Língua Portuguesa e Língua Inglesa.

          Uma etapa fundamental para o planejamento foi a observação. É uma etapa essencial para o Estágio Supervisionado, pois, a depender da maneira como o estagiário vai realizar sua prática, nessa fase estará de alguma forma construindo as condições básicas que facilitarão o maior ou menor sucesso nesta empreitada; no entanto, observar exigirá do observador alguns cuidados para que a observação seja de fato fecunda. De acordo com Lüdke e André (1985, p.25), “Planejar a observação significa determinar com antecedência o quê e o como observar”. Nesse sentido, o apoio, o acompanhamento, a orientação e o assessoramento da Supervisão Educacional são fundamentais para  que o professor realize, de maneira satisfatória, tanto o planejamento quanto o desenvolvimento das aulas.

          No decorrer da etapa de observação foi analisada a relação entre professor e aluno e a maneira como a docente de Língua Portuguesa e de Língua Inglesa desenvolve as suas atividades dentro da sala de aula. E esta observação foi o ponto de partida para um diagnóstico bastante criterioso do campo de Estágio e também serviu de base para elaboração das ações das etapas posteriores: co-participação, onde será apresentado o plano de ação para a docente analisar e perceber se as ações propostas estão de acordo com a sua prática, a fim de possibilitar a continuidade do seu trabalho pedagógico e permitir o aprimoramento da aprendizagem significativa dos discentes.

          O Planejamento da escola é feito bimestralmente e indica as metas e as ações a serem desenvolvida durante a unidade, de forma sistemática, dando ênfase aos conteúdos e objetivos propostos e metodologias para a execução de cada disciplina, que constam no Plano de Curso. Outro ponto importante observado na instituição é o trabalho com projetos que fazem parte do planejamento anual e que leva a perceber a tendência da instituição de ensino pela pedagogia de projetos, que é um fator importantíssimo do desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem do educando. Segundo  Hernández,

os projetos de trabalho constituem um planejamento de ensino e aprendizagem vinculado a uma concepção da escolaridade em que se dá importância não só a aquisição de estratégias cognitivas de ordem superior, mas também ao papel do estudante como responsável por sua própria aprendizagem. Significa enfrentar o planejamento e a solução de problemas reais e oferecer a possibilidade de investiga um tema partindo de um enfoque relacional que vincula idéias-chaves e metodológicas de diferentes disciplinas (1998, P. 88-9).

          Os projetos desenvolvidos na unidade de ensino estão registrados no Plano de Ação. A execução é comprovada através de relatórios realizados pelos docentes. Em conversa com alguns docentes ficou clara a dicotomia entre a ferramenta do Plano de Curso e a aplicação de projetos alheios às disciplinas afins e sua aplicação questionável. O trabalho realizado de forma interdisciplinar enfrenta resistência por parte de alguns professores, por alegarem a falta de recursos para trabalhar em conjunto com as outras áreas do conhecimento e as habilidades necessárias que os alunos não possuem para construir o conhecimento de forma integrada.

          Durante o planejamento trabalhou-se somente os conteúdos específicos a cada área, mas sem nenhuma menção aos recursos a serem utilizados e como seriam utilizados, como também, as referências bibliográficas consultadas que embasaram a construção da proposta de ensino a ser aplicada em sala de aula. Nesse contexto, o planejamento, que é uma etapa importantíssima do processo de ensino e aprendizagem ocorre, mas acaba sendo negligenciada pela falta de apoio material.  Na visão de Vasconcellos:

O questionamento que deve acompanhar o professor na elaboração da proposta metodológica é o seguinte: o que é preciso fazer para que estes alunos aprendam efetivamente este conteúdo? Com esta ação que estou tendo, que ação estou proporcionando ao aluno (tipo/grau de atividades e de significados)? (2006,  p. 147)
   
          Nesse sentido, o apoio, o acompanhamento, a orientação e o assessoramento da coordenação pedagógica são fundamentais para que o professor realize, de maneira satisfatória, tanto o planejamento quanto o desenvolvimento das suas aulas. Dentre esses fatores destacados o planejamento na escola campo de estágio é realizado por áreas afins, por exemplo: Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Artes. O que acaba dificultado a troca de informações ente os outros docentes. A escola não conta com recursos materiais necessários para auxiliar o professor no seu planejamento diário.

          Existem apenas alguns recursos visuais. A falta de material acaba atrapalha o trabalho da coordenação que em vários momentos do planejamento lamentava a falta de material didático, o que impossibilitava os professores no desenvolvimento de atividades motivadoras e atraentes para serem aplicadas em sala, mas mesmo assim os professores e a coordenação buscavam alternativas viáveis que suprissem a necessidade de uma prática docente consciente e que atendesse e desenvolvesse as habilidades básicas dos alunos.

3.2. Período da observação

          Durante essa etapa, observou que as professoras-regentes de Língua Portuguesa e Língua Inglesa não têm muito recursos para desenvolver seu trabalho como já mencionado anteriormente. O mesmo é desempenhado de forma tradicional, sem auxilio do livro didático devido a pouca quantidade disponível, principalmente de Língua Portuguesa, em Língua Inglesa por não ter livros suficientes distribuídos pelo MEC, a professora adota uma coleção titulada de “English For Teens” de Denise Santos e Amadeu Marques, para nortear o seu trabalho no desenvolvimento das atividades de sala com os alunos.

          Mesmo sem os recursos necessários, percebe-se que as professoras davam prosseguimento à aula, criando situações problemas através de gravuras, textos variados, depoimentos e outros materiais para que os alunos pudessem desenvolver as suas competências e habilidades. Durante a execução das tarefas, os alunos estavam sempre sentados exercitando com maior tranquilidade as atividades propostas pela educadora.

          O desempenho da classe tanto na disciplina de Língua Inglesa como na disciplina de Língua Portuguesa, era desenvolvido visando à aquisição de habilidades que favorecessem os conhecimentos prévios dos alunos. Por exemplo, nas produções de textos nas aulas de Língua Portuguesa a produção de textos criativos era motivada pelo professor com a leitura de um texto previamente escolhido pelos alunos, que posteriormente nortearia a escrita de novos textos de cada um deles. Em Língua Inglesa os diálogos propostos pela professora também previamente escolhidos pelos alunos, davam suporte à construção de novos diálogos vivenciando situações reais de sala de aula. Uma prática motivadora e instigadora que possibilitou uma gama maior de idéias para serem aplicadas na regência.

3.3. Período da co-participação

          A co-participação foi um momento importante na instituição, onde foi possível apresentar o plano de ação a seqüência didática e os planos de aula de Língua Portuguesa e de Língua Inglesa, para a docente analisar e perceber se as ações propostas estão de acordo com a sua prática a fim de possibilitar a continuidade do seu trabalho pedagógico e permitir o aprimoramento da aprendizagem significativa dos discentes. No que diz respeito à co-participação foi dada a oportunidade de intervir constantemente nas atividades propostas pela professora supervisora, com o intuito de garantir a aprendizagem dos discentes.

          Ainda nessa prática desenvolveu-se ativamente do acompanhamento complementar (AC), esse acompanhamento consiste em discutirem a respeito dos problemas relacionados à aprendizagem ocorridos durante a semana e ao mesmo tempo a elaboração do planejamento da semana seguinte, foi dirigido para uma ação pedagógica critica e transformadora para que possa permitir ao educador maior segurança para lidar com a relação educativa na sala e na escola. Segundo Saviani (1984, p. 9): “A escola existe para propiciar aquisição dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (ciências), bem como o próprio acesso aos rendimentos desse saber”. É ao abordar essa questão que se consegue visualizar a importância da escola na produção de conhecimento do educando

          Sendo assim, no planejamento passa-se a ideia de um processo onde são definidos os objetivos, os conteúdos programáticos, os procedimentos, os recursos, a sistemática de avaliação da aprendizagem a serem utilizadas no decorrer da semana. De acordo com esse planejamento fica comprovado que os alunos não tinham dificuldades ao adequar-se às atividades propostas, pois a professora oferecia atividades desafiadoras, porque compreende que a formação escolar deve propiciar o desenvolvimento de capacidades, de modo a favorecer a compreensão e a intervenção nos fenômenos sociais e culturais, assim como possibilita aos alunos usufruir das manifestações culturais nacionais e universais.

3.4. Regência

          Todas as etapas do Estágio Supervisionado I foram importantes e enriquecedoras, o que contribuiu para uma nova percepção do exercício da docência por parte deste discente, oportunizando, inclusive, uma reflexão coletiva sobre o processo de aprendizagem. Através dele a articulação entre teoria e prática revelou-se uma habilidade que deve ser buscada e cultivada com disciplina e aplicação.

          O desafio aqui é desenvolver as habilidades necessárias as duas áreas a serem trabalhadas Língua Portuguesa e Língua Inglesa. Um desafio constante na busca do conhecimento para está atualizado e preparado para responder os questionamentos dos alunos e, manter um discurso coerente perante os discentes e conseguir mostrar para cada um deles que eles são os personagens principais e responsáveis pela aquisição do seu conhecimento e, que o professor é um mediador que oferece as ferramentas necessárias para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma satisfatória para as partes envolvidas no processo.

          Outro grande desafio da regência foi fazer com que esses alunos retomassem o gosto pela leitura, já que estamos vivendo em uma sociedade em que os valores éticos e a instituição família já não conseguem estabelecer um nexo e uma relação mais próxima da escola. Com isso acaba se tornado uma prática isolada e de responsabilidade da escola. Nesse momento o
professor deixa ser apenas o agente mediador do conhecimento e passa a exercer a função de membro familiar no que tange a educação doméstica.

          É claro que isso não deve se tornar uma prática comum, mas com o esforço coletivo de todos os agentes que trabalham na escola essa realidade pode ser facilmente transformada através de projetos que integrem os pais no processo de ensino e aprendizagem dos seus filhos. E foi isso que a escola campo de estágio foi buscar. Dentro desse contexto já retratado posteriormente procurou-se buscar um amplo campo de pesquisa e de investigação para derrubar essas barreiras e viabilizar um contato maior entre a escola e a comunidade. Isso se deu a partir da elaboração de projetos que visavam não só a aprendizagem do aluno, mais de todos que direta ou indiretamente estavam inseridos nesse processo.

          Nas aulas de Língua Portuguesa e Língua Inglesa não houve nenhuma resistência por parte dos alunos, as dificuldades detectadas e apresentadas por eles, os relatos dos trabalhos e a metodologia aplicada em sala não foi questionada. A produção de conhecimento se deu a partir da construção coletiva e da colaboração dos professores regentes das duas áreas de conhecimentos envolvidas. As professoras sempre atenciosas se dispuseram ajudar a todo o momento. Não só elas, mais todos os outros docentes sempre tinham algo positivo e a acrescentar, e isso acabou gerando uma corrente de amizade e trocas de informações necessárias a prática do estágio.

4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

          Para que uma aprendizagem possa acontecer, é necessária a disponibilidade para o envolvimento do aluno na aprendizagem, o empenho em estabelecer relações entre o que já sabe e o que está aprendendo, em usar instrumentos adequados que conhece e dispõe para alcançar a maior compreensão possível, pois, a aprendizagem exige uma ousadia para se colocar problemas, buscar soluções e experimentar novos caminhos, de maneira totalmente diferente da aprendizagem mecânica, na qual o aluno limita seu esforço apenas em memorizar ou estabelecer relações diretas e superficiais.

          A aprendizagem significativa depende de uma motivação intrínseca, isto é, o aluno precisa tomar para si a necessidade e a vontade de aprender. Para tanto a disposição para aprendizagem não depende exclusivamente do aluno, demanda que a prática didática garanta condições para que essa atitude favorável se manifeste e prevaleça.

          No entanto, o que o aluno pode aprender em determinado momento da escolaridade depende das possibilidades delineadas pelas formas de pensamento, de que dispõe naquela fase de desenvolvimento dos conhecimentos, que já construiu anteriormente e do ensino que recebeu. Isto é a intervenção pedagógica, deve ajustar ao que os alunos conseguem realizar em cada momento de sua aprendizagem, para se construir verdadeira ajuda educativa do conhecimento o qual é resultado de uma rede complexa do processo de modificação, reorganização e construção, utilizado pelos alunos para assimilar e interpretar os conteúdos escolares.

         Por mais que o professor, os companheiros de classe e os materiais didáticos possam, e devam contribuir para que a aprendizagem se realize nada pode substituir a atuação do próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os conceitos da aprendizagem. É ele quem modifica, enriquece e, portanto constroem novos e mais potentes instrumentos de ação e interpretação.

          Mas, o desencadeamento da atividade mental construtivista não é suficiente para que a educação escolar alcance os objetivos a que se propõe; que as aprendizagens estejam compatíveis com o que significam socialmente. O processo de atribuição de sentido aos conteúdos, escolares é, portanto individual; porém, é também cultural na medida em que os significados construídos remetem as formas e saberes socialmente estruturado.

          Para (Moacir Gadotti, 2001 apud Silva, 2002), Conceber o processo de aprendizagem como propriedade do sujeito não implica desvalorizar o papel determinante da interação com o meio social e, particularmente, com a escola. Ao contrário situações escolares de ensino e aprendizagem são situações comunicativas, nas quais os alunos e professores atuam como co-responsáveis ambos com uma influência decisiva para o êxito do processo.

         A aprendizagem significativa, todavia, implica sempre alguma ousadia: diante do problema posto, o aluno precisa elaborar hipóteses e experimentá-las. Fatores e processos afetivos, motivacionais e relacionais são importantes nesse momento. Os conhecimentos gerados na história pessoal e educativa tem um papel determinante na expectativa que o aluno tem da escola, do professor e de si mesmo, nas suas motivações e interesses, em seu auto conceito e em sua auto-estima.

         Assim como os significados construídos pelo aluno estão destinados a ser substituído por autores no transcurso das atividades, as representações que o aluno tem de si e de seu processo de aprendizagem também é fundamental, para que a intervenção educativa escolar propicie um desenvolvimento, em direção à disponibilidade exigida pela aprendizagem significativa.

          Diante dessa contextualização, a aprendizagem significativa é o processo por meio do qual um novo conhecimento relaciona-se com os conhecimentos anteriormente adquiridos, ou seja, os conhecimentos prévios. Enfim, com a aprendizagem significativa o aluno passa a estabelecer relações com o que é capaz de saber, com o que já sabe, com os esquemas de conhecimento que já possui. A nova informação se incorpora a sua estrutura mental e passa a fazer parte da memória compreensiva. O aluno memoriza o conhecimento porque o compreendeu, isto é, aprendeu significativamente. Quanto mais relações o aluno estabelecer entre o novo, mais significativa será a aprendizagem.

4.1. Aspectos Didáticos Pedagógicos

          Essa entidade propõe promover o ensino de qualidade que a sociedade demanda, ou seja, uma prática educativa capaz de se adequar ás necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira, considerando os interesses e as motivações dos alunos, garantindo as aprendizagens, essenciais para a formação de cidadãos autônomos críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem.

          Além disso, nesta escola desenvolvem-se projetos voltados para a realidade dos alunos e abordando temas e atividades lúdicas com: danças artísticas para despertar no aluno o prazer pela construção do conhecimento, preparando - os para se tornarem cidadãos plenos e emancipados em todos os campos de sua vida. De acordo com Jacques Delors (2000, p.11), “a educação se fundamentar nos quatro pilares da educação para o século XXI: aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver”.

          Com essa perspectiva a escola busca construir passo a passo à cidadania do aluno preparando para o exercício futuro dos seus direitos e deveres de maneira democrática respeitando as suas diferenças, raças, religião, cor e sexo. Todavia, a coordenadora pedagógica desenvolve seu trabalho de forma democrática. A atitude democrática é necessária, pois a entidade deve estar apta a repensar no todo, ao programar a sua estrutura organizacional, só assim ela será democrática.

          É neste sentido, que a coordenação pedagógica acompanha o desenvolvimento do trabalho pedagógico do professor sanando suas dificuldades, no que diz respeito ao resultado efetivo da aprendizagem. Isso acontece através do acompanhamento complementar (AC) e dos roteiros diários das atividades, além de propor excelentes métodos aos docentes, tornando a relação entre a coordenação pedagógica e os docentes harmoniosa e democrática.

          Uma das condições das novas concepções de educação reside principalmente no estímulo ao trabalho coletivo. A própria LDB (Lei de Diretrizes e Bases) estabelece algumas diretrizes importantes a esse respeito. Recomenda, por exemplo, em seu art. 67, inciso V ao tratar do profissional da educação, que haja período reservado a estudos, planejamento, avaliação, incluindo carga de trabalho.

          Assim, a prática pedagógica demonstra uma aproximação com a tendência construtivista, já que nesse processo pedagógico o professor deixa de ser considerado o detentor do saber e passa a ser um agente facilitador da aprendizagem. Paulo Freire afirma (1996): ”educar é um ato político, pois se assume um compromisso com o outro, para que este possa ser sujeito da sua historia e do seu processo de aprendizagem”. Entretanto, a prática pedagógica do professor cristaliza uma tendência de acordo com cada época, estas vão sendo transformadas devido às exigências sociais percorrendo assim, um longo caminho na educação, partindo de saberes variados os quais foram produzidos pela humanidade, pois nesse sentido faz-se necessário que o professor esteja sempre repensando sua pratica pedagógica procurando refletir sobre a importância do seu papel na sociedade a fim de estar cada vez mais em busca de atividades que proporcione a satisfação dos educando na obtenção de nova aprendizagem.

4.2. Projeto Político Pedagógico

          O projeto político – pedagógico da escola atende as suas necessidades, pois foi elaborado com todas as pessoas que fazem parte direta e indiretamente do núcleo escolar e da comunidade que se presta a cumprir a exigência burocrática.

         Segundo Veiga (1995, p.14):

O projeto político pedagógico busca um rumo uma direção. Por isso todo projeto pedagógico da escola é, também um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico e os interesses reais e coletivos da população majoritária. [...]

          Portanto, o projeto político pedagógico é importante para a escola e sua gestão porque dar a identidade da instituição e possibilita implementar ações, metas e estratégias no qual a integração entre a escola, a comunidade e os agentes educativos entre si é a base fundamental para sua sustentação, pois permite que os sujeitos envolvidos assumam um compromisso sócio-político com os interesses reais e coletivos da população local. Contudo, os educadores desta unidade escolar, sabem que é através dessa pratica que novos cidadãos podem surgir, na tentativa de construção de uma sociedade mais justa, democrática, solidária e participativa.
Com isso Vasconcellos nos mostra:

Que é anseio de muitos profissionais que o ambiente escolar seja um espaço utilizado para o crescimento integral do individuo. [...] nosso desejo é que a escola cumpra um papel social de humanização emancipação, onde o aluno possa desabrochar crescer como pessoas e como cidadão, e onde o professor tenha um trabalho menor alienado e alienante, que possa repensar sua pratica refletir sobre ela, dar-lhe um novo significado e buscar novas alternativas [...] (1995, p.8)

          Sendo assim os educadores devem estar em constantes reflexões das suas atitudes, buscando renovar sua prática pedagógica, a fim de ajudar os educando a enfrentar os obstáculos existentes na sociedade. Transformar a educação com o objetivo de proporcionar aos indivíduos melhor aproveitamento da sua escolarização é o desejo de muitos educadores, os quais estão a cada dia em busca de novos conhecimentos que favoreçam seus alunos na conquista de novos saberes.

          Segundo Zabala:

Para que o aluno construa sua aprendizagem pessoal deve haver a contribuição de uma outra pessoa, porem esta construção precisa ser de interesse e disponibilidade do educando, partindo de seus conhecimentos prévios e sua experiência para conceder um significado ao seu estudo (2001, p.27).

          É necessário que os educadores ajudem os alunos a confiar em suas capacidades para que não desistam diante dos obstáculos, pois os mesmos devem estar cientes de que aprender não é fácil e nesse processo existem diversos desafios que precisam ser superados. Com isso ao educador cabe iniciar um trabalho um pouco além do que o aluno já compreende, sendo uma provocação que desperte seu interesse, a qual na resolução os alunos sintam o prazer de ter superado a dificuldade e conquistado novos conhecimentos.

          Entretanto, durante o período de observação, co-participação e o Estágio Supervisionado I, pode se observar a preocupação da maioria dos educadores, no que diz respeito à formação integral dos alunos, principalmente no que se refere aos valores fundamentais à construção da vida em sociedade. Portanto, durante as etapas de observação e co-participação, percebemos que o Projeto Político Pedagógico serve para planejar e realizar reestruturações curriculares, a fim de esclarecer para onde a educação deve conduzir, contribuindo com a formação do sujeito, com a finalidade de interferir nos desafios inseridos na sociedade contemporânea.

5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

          A experiência do Estágio Supervisionado I possibilitou-me a comprovação de que o Estágio é um momento único da formação docente, seja ela inicial ou continuada, pois estamos sempre adquirindo novos saberes e nesse momento descobrimos. Que de acordo com Pedro Demo (1995, p.34): “Para que ocorra uma aprendizagem significativa e um ambiente favorável de aprendizagem, será necessário que o docente seja um agente pesquisador”.

          Dentro desse processo de pesquisa está o momento de aplicação das atividades das, que precisam ser  motivadoras, prazerosas que os alunos ao executar algumas situações, os alunos se sintam estimulados. Nesta perspectiva a professora regente relatou-me que no inicio do ano letivo os alunos chegavam frequentemente atrasados. Afirma a professora que devido à ministrações das suas aulas prazerosas, os discentes passaram a chegar mais cedo para saber qual seria a novidade do dia. Portanto, a professora afirma que cumpriu o seu objetivo -favorecer uma aprendizagem significativa, para que todos pudessem aprender a trabalhar em grupo.

          Entretanto aprender é uma tarefa árdua, na qual se convive o tempo inteiro com o que ainda não é conhecido. Para o sucesso da empreitada, é fundamental que exista uma relação de confiança e respeito mútuo entre professor e aluno, de maneira que a situação escolar possa dar conta de todas as questões de ordem afetivas. Mas, isso não fica garantido apenas exclusivamente pelas ações do docente, embora sejam fundamentais, dada a autoridade que ele representa, mas também deve ser conseguido nas relações entre alunos.

          Portanto, o trabalho educacional requer intervenções para que os alunos aprendam a respeitar as diferenças, a estabelecer vínculos de confiança e construir uma prática cooperativa e solidária, que contribuirá com a formação de um sujeito capaz de construir e modificar a sua própria história.

          Sendo assim, Paulo Freire afirma:

“A escola deve atender as necessidades básicas do aluno, levando em consideração seu conhecimento prévio sobre a realidade, seu processo de socialização. Portanto faz-se necessário uma abordagem construtivista e sociointeracionista, onde “ninguém se educa sozinho o homem e a mulher se educam pela intermediação do mundo” (1996, p.13).

          Com isso as ações serão desenvolvidas de modo que o aluno seja visto como o centro do processo ensino-aprendizagem, e o educador seja um facilitador e mediador do conhecimento, a fim de formar sujeitos críticos e autônomos capazes de interpretar e compreender os fatos que emergem a sociedade sendo estes de cunho social, político ou cultural.

6. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

          Ao término do Estágio Supervisionado I, observa-se que foi uma experiência grandiosa para formação docente, pois se pode ter a clareza da importância de uma aprendizagem significativa no âmbito educacional, entretanto nesta unidade escolar de caráter público apesar de conhecermos a realidade do ensino público no Brasil, está instituição concebe a educação como algo que educa para o exercício pleno da cidadania, pois acredita que só a educação será capaz de transformar a sociedade.

          É neste sentido, que a equipe que forma o núcleo da unidade escolar, tem a convicção de que a aprendizagem significativa para acontecer é necessária à disponibilidade no envolvimento do aluno na atividade proposta, e o empenho em estabelecer relações entre o que já sabe e que está aprendendo, e usar instrumentos adequados que conhece e dispõe para alcançar a maior compreensão possível.

          Neste processo, o professor deixa de ser investido daquele papel de ser o detentor do saber que estaria em sala de aula para repassar seus saberes e assim, obrigatoriamente precisa estar atento a esta nova configuração, ao mesmo em que necessita refletir sobre o seu papel, afim de não correr o risco de manter uma postura de educador de outros tempos que não responde mais a esta sociedade.

          O educador, como um agente transformador da sociedade e como fortemente um formador de opinião, precisa estar atento às mudanças, transformações, adaptações e acompanhamento mesmo desta nova configuração social e de outras que certamente virão no processo de desenvolvimento social. Sendo assim Libâneo (2000, p.28) afirma: “se queremos um aluno critico-reflexivo é preciso um professor critico-reflexivo.”

          O professor reflexivo, é capaz de questionar esta mesma sociedade, é capaz de identificar elementos ideológicos que estão por trás de determinados “avanços” é capaz de fazer uma auto reflexão sobre sua prática que, por sua vez, está diretamente conectada com as mudanças na sociedade; um professor reflexivo não atenta mudar suas ações para se mostrar atual, mas a partir de uma compreensão sobre as necessidades de operar mudanças transforma suas ações com intencionalidade; pois a reflexividade consiste exatamente em tomar consciência da ação de tornar inteligível a ação, pensar sobre o que faz.

          A aprendizagem não depende exclusivamente do aluno, o ato de conhecer demanda que a pratica didática garanta condições para que essa atitude favorável se manifeste e prevaleça. Primeiramente a expectativa que o educador tem do tipo de aprendizagem de seus alunos fica definida no contexto didático estabelecido. Se o educador espera uma atitude curiosa e investigativa deve propor prioritariamente atividades que exijam essa postura, e não a passividade. Deve-se valorizar o processo e não apenas a rapidez na realização. Deve propor estratégias criativas e originais e não a mesma resposta de todos.

          A atuação docente no espaço escolar, precisa então, garantir que o aluno conheça o objetivo da atividade situe-se em relação à tarefa, reconheça os problemas que a situação apresenta, e seja capaz de resolvê-los. Neste sentido, o Estágio Supervisionado I, é uma etapa importante para formação do futuro docente, pois pode-se perceber que para ser um bom educador não basta apenas dominar o conteúdo, não basta gostar da sua disciplina, não basta ter feito um curso de graduação, estar numa boa instituição, ter um diploma.

            É fundamental que o docente possua as habilidades necessárias para ajudar os seus alunos a compreender e aprender a resolver problemas com autonomia, sendo capazes de inferir no nos processos decorrentes da sua vida. Diante dessa contextualização é recomendável que o educador continue sempre propondo situações didáticas com objetivos e determinações claras, para que os alunos possam tomar decisões pensadas sobre o encaminhamento de seu trabalho, além de selecionar e aplicar de forma eficaz os conteúdos.

          É através desta postura os docentes compreendem que as atividades propostas precisam garantir organização e ajuste as reais possibilidades dos alunos, de forma que cada uma não seja nem muito facial nem muito demasiado. Os alunos devem poder realizá-la numa situação desafiadora. Enfim, essa unidade escolar não trata a educação como um descaso e sim como uma solução para as situações que demanda a sociedade, pois sabem que só a educação é capaz de transformar os sujeitos em seres critico e reflexivos capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vive.

 0.7.  REFERÊNCIAS


DELORS; Jacques (Org). Educação: um tesouro a descobrir. 4. ed. São Paulo; Cortez; 2000. p.11.

FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler.São Paulo.Cortez, 1996. p.13.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo. Cortez. 2000.p.17-36.

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